Passava quase todo dia por lá. Não havia escolha: este era o caminho mais curto. Não passar por lá era reconhecer a importância do lugar, da memória referenciada daquilo que poderia ter sido.
O lugar era duplamente irreal. Ela nunca morara lá. A janela marcava o lugar apontado em uma informação desencontrada. Alí fixara residência apenas o objeto imaginado da sua paixão nunca alcançada.
Depois, conhecera o verdadeiro endereço, o verdadeiro amor, a verdadeira mulher, e, enfim, a verdadeira dor e desilusão.
Mas naquela janela, aberta para o verde onde cresce a esperança¹, sobrevivia o peso do amor maior que nunca conheceria.
Roberto Pinho