Um quase Colombo

Disse nos comentário que talvez a Síndrome de Colombo fosse melhor batizada de síndrome de Dumont. Mas pensando melhor, Dumont se encaixa como contra-exemplo, ou ainda, para os mais paranóicos, como o sucesso de uma conspiração para esconder a sua morte.
Da escola, lembro da informação de que tinha morrido de desgosto. Morrer de desgosto. Ficou em mim a imagem de uma planta murchando, esquecida, até morrer. Ficou também um certo medo que minhas melancolias pudessem um me levar. Do suicídio, do fato, da violência, do pecado punido por toda religião que deseje prosperar, só fui saber muito mais tarde.

Por mais de uma vez já fui negado: Não, ele não se matou. Não pode ser. Mas foi. E os paranóicos estão certos, sua morte foi acobertada para não destruir o herói, para que a sua morte de herege esquecido não tirasse dele toda uma história de feitos:

A certidão de óbito ficou “sumida” por 23 anos. O motivo da morte foi omitido desde a ditadura de Getúlio Vargas, quando criou-se a figura-mito do herói nacional, chegando a ser ignorado pelos livros de história. Achavam que não ficaria bem um herói suicida.

Quando foi encontrada, dava como “causa mortis” um suposto “Colapso Cardíaco”.

O próprio Governador da época, Dr. Pedro de Toledo, determinou: “Não haverá inquérito. Santos Dumont não se suicidou.” Cumpridas as ordens do Governador, somente a 3 de dezembro de 1955 seria registrado o óbito. Fonte:Luciano Camargo Martins

Assim, suicida, doente e esquecido, Dumont preserva as glórias de toda uma vida, mas confirma a Síndrome de Colombo pela nossa recusa em aceitar o seu fim de vida.

Posted by Roberto de Pinho

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