Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.
“Sou uma parte insignificante do grande todo. É verdade; mas todos os animais condenados a viver, Todas as criaturas sensíveis, nascidas sob a mesma severa lei, Sofrem como eu e como eu também vêm a morrer. O abutre agarra-se à sua tímida presa E fere com o bico sangüinário os membros trêmulos: Tudo vai bem, assim parece, para ele. Mas pouco depois Uma águia despedaça com suas garras o abutre: A águia é trespassada pela seta do homem; O homem, prostrado no pó dos campos de batalha, Misturando, na agonia o sangue ao dos semelhantes, Passa a ser por sua vez alimento das aves famintas. E assim o mundo inteiro geme em cada um dos membros: Todos nascidos para o sofrimento e a morte mútua. E com relação a este caos terrível direis Os males de cada um fazem o bem de todos! Que bem-aventurança! E quando, com voz trêmula, Mortal e lastimosa proclamais: “Tudo vai bem,” O universo vos desmente e vosso coração Contradiz cem vezes o conceito de vossa mente. Qual é o veredicto da Mente Suprema? Silêncio: o livro do destino está fechado para nós. O homem é um desconhecido para si próprio; Não sabe de onde vem e nem para onde vai. Átomos atormentados num leito de lama Devorados pela morte, um escárnio do destino; Mas átomos pensantes, cujos olhos de ampla visão, Guiados pelo raciocínio, estudaram as estrelas, Nosso ser confunde-se com o infinito; A nós mesmos nunca chegamos a ver ou a conhecer. Este mundo, este palco de orgulho e de erros, Está apinhado de tolos que falam em felicidade…
Houve tempo em que cantei, em tom menos lúgubre, As alegrias do império jovial dos prazeres; Os tempos mudaram e, com a experiência da idade, Participando da fragilidade do gênero humano, Procurando uma luz por entre a escuridão crescente, Posso apenas sofrer, porém não me lamentarei.”
“Sou uma parte insignificante do grande todo.
É verdade; mas todos os animais condenados a viver,
Todas as criaturas sensíveis, nascidas sob a mesma severa lei,
Sofrem como eu e como eu também vêm a morrer.
O abutre agarra-se à sua tímida presa
E fere com o bico sangüinário os membros trêmulos:
Tudo vai bem, assim parece, para ele. Mas pouco depois
Uma águia despedaça com suas garras o abutre:
A águia é trespassada pela seta do homem;
O homem, prostrado no pó dos campos de batalha,
Misturando, na agonia o sangue ao dos semelhantes,
Passa a ser por sua vez alimento das aves famintas.
E assim o mundo inteiro geme em cada um dos membros:
Todos nascidos para o sofrimento e a morte mútua.
E com relação a este caos terrível direis
Os males de cada um fazem o bem de todos!
Que bem-aventurança! E quando, com voz trêmula,
Mortal e lastimosa proclamais: “Tudo vai bem,”
O universo vos desmente e vosso coração
Contradiz cem vezes o conceito de vossa mente.
Qual é o veredicto da Mente Suprema?
Silêncio: o livro do destino está fechado para nós.
O homem é um desconhecido para si próprio;
Não sabe de onde vem e nem para onde vai.
Átomos atormentados num leito de lama
Devorados pela morte, um escárnio do destino;
Mas átomos pensantes, cujos olhos de ampla visão,
Guiados pelo raciocínio, estudaram as estrelas,
Nosso ser confunde-se com o infinito;
A nós mesmos nunca chegamos a ver ou a conhecer.
Este mundo, este palco de orgulho e de erros,
Está apinhado de tolos que falam em felicidade…
Houve tempo em que cantei, em tom menos lúgubre,
As alegrias do império jovial dos prazeres;
Os tempos mudaram e, com a experiência da idade,
Participando da fragilidade do gênero humano,
Procurando uma luz por entre a escuridão crescente,
Posso apenas sofrer, porém não me lamentarei.”
Voltaire
Bravo! Concordo com a filosofia do Pessoa, mas ainda assim nao consigo aplica-la ao meu trabalho (my day job that is…)!!
Nem eu, these days….