Nos jovens mortos do fantástico somam-se dois efeitos para a atenção da mídia: terem morrido 5 num só acidente e serem moradores do “andar de cima”. Serem eles, o retrato dos filhos, sobrinhos e amigos daqueles que fazem o Fantástico. Bastam pouco mais de 2 horas para que 5 jovens do “andar de baixo” morram vítimas de arma de fogo, neste mesmo Brasil. No mesmo Rio de Janeiro, morrem 8 vezes mais jovens por arma de fogo que em Israel e na Palestina, juntos.
Do discurso inflamado da Senadora Heloísa Helena, gosto do paralelo que ela faz entre a violência pontual e a violência cotidiana:
No dia que eu perder tolerância com meu filho agredido, passo a não ter tolerância com os filhos da pobreza agredidos também. No dia que perder a possibilidade de me indignar vendo a dor e a miséria na minha casa, eu perco com os outros também.
E neste momento, enquanto fecho esta entrada no blog, o Fantástico celebra o 11 de Setembro, onde 3000 moradores do “andar de cima” morreram. Menos de 10% entre os mortos do Iraque desde a invasão pelos EUA.
© foto: S.i.s.s.i & Igor A. Y G. @ UFScar, São Carlos, SP, 2006