Mas agora precisava do livro. Reforço tangível daquilo que um dia vivenciara.
Devidamente abandonado entre “crônica de uma morte anunciada” e a Utopia, de Morus. Não estava lá.
E a mente corre pela imagem perdida, pela sua vida desde o nosso último encontro. Como estaria. Como aquele canto dobrado, aquele sinal que deixamos para nós [mesmos] teria se atenuado. Se a frase sublinhada a unha, por falta de caneta ou coragem ainda seria detectada.
Me perco nas horas hipotéticas que perderia a buscar uma frase [marcada] que já não estaria lá. Chego na frase. Tem algo de incompleto, uma vírgula que não está onde deveria, uma mordida de traça no que era o mais perfeito final de frase.
Desisto da busca. Apenas uns dois outros lugares onde mais poderia estar. Não olho meu registro de livros emprestados. Melhor começar de novo. Me deixar encantar de novo. Iludir-me com a possibilidade de encontro original. Abraçar a possibilidade daquilo que é inédito e, ainda assim, exatamente como fora antes.
Parto para a livraria, a me deixar chamar por todas as [outras] sereias encadernadas que cantam: onde estivera ?
Conheço outras pessoas que compram mais de uma vez o mesmo livro… 🙂