Blogging on demand

Este é o primeiro texto deste blog que é feito sob encomenda. Gostaria de gastar todo ele falando sobre a beleza de textos feitos sob encomenda. Mas se o fizesse, não atenderia o pedido. Ainda volto ao assunto, talvez, quem sabe, um dia, mas não me despeço sem antes mencionar a beleza de Luiza, de Jobim, feita a pedido da Rede Globo.


Estou no segundo parágrafo e, para desespero de Camilo, o “cliente”, ainda não falei da importância de falar inglês. Mas a questão é clara, é tiro certo sobre qualquer aspecto que se analise:

Aprenda, fale, comunique-se e escreva em inglês. Já. Ontem.

Não dispondo de uma teoria unificadora ou de uma prosa capaz de juntar diversos aspectos, ou ainda de belos casos ou causos ilustrativos dos meus pontos de vista, troco estilo por clareza e defendo cada ponto separadamente. Leia os que lhe apetecerem.

Não existe vida na academia sem inglês – As principais conferências brasileiras, repito brasileiras, pelo menos em TI, aceitam artigos em inglês. Algumas delas só aceitam artigos e apresentações em inglês. Não preciso nem dizer que o material de ponta, seja ele feito nos EUA, Reino Unido ou na China está em inglês.

Treine a fala também. No último congresso que fui, aqui no Brasil, as apresentações eram necessariamente em inglês. No entanto, alguns palestrantes eram péssimos. Tenho certeza que só os entendia por eu ser brasileiro e estar acostumado com brasileiros falando inglês. Eu não entendia nada quando eram os mexicanos ou argentinos falando inglês (com exceções, entre representantes de todas as nacionalidades). Tenho certeza que os convidados estrangeiros não entendiam nada também. Mas é um começo.

É uma vantagem competitiva – Por enquanto. Se você está no mercado ou na academia, falar a língua do outro, além da obvia ampliação da sua área de atuação, reduz a possibilidade de erros e aumenta a sua produtividade. Já há espaço suficiente, no que quer que você faça, para cometer erros colossais. A língua desconhecida só potencializa.

Você pode não ser o mais rápido da turma, o mais brilhante, mas se você domina a língua do outro, pode ser a melhor opção. Não sou bom como Lulinha Paz & Amor nestas analogias de boleiros, mas o capitão do time não é o que mais faz gol, mas o que melhor se comunica.

Contatos facilitados – Conto aqui dois casos, facilmente transpostos para outros contextos. Resolvi, meio que do nada, aprender francês. Talvez tenha contado o fato de que cada vez mais gente fala inglês e o meu domínio da língua de Shakespeare já não basta pra garantir meu posto de melhorzinho entre as pessoas. Mas o fato é que, meu pouco conhecimento do francês foi o suficiente para causar uma boa impressão em um professor francês e garantir minha aceitação em um programa de doutorado na França.

Não defendo que o mérito foi exclusivo da minha [pobre] capacidade de jogar conversa fora na língua de Balzac, mas ajudou na transmissão das minhas idéias, e, sobretudo, mostrou minha boa vontade para com sua cultura, país etc e com a intenção de aprender.

Noutra ocasião, num congresso, o conferencista convidado ficava muita vezes só, no coffee break, disponível. Fui lá e fiz o contato. Aprendi muito e tenho mais alguém a quem consultar.

Rapport – Agora repito o tópico anterior para os adeptos da programação neurolingüística. Nela, é importante transmitir a mensagem no meio preferido pelo freguês, seja ele visual, cinestésico etc. É crença minha que para falantes de outras línguas, isto passa pelo uso da língua do outro.

O inglês não é mais a língua dos americanos – e nem a língua dos súditos da Rainha. Lingüistas já detectam influências no inglês vinda de falantes de outros países, que a utilizam, muitas vezes, como interface entre dois outros idiomas. É por ela que converso com um amigo alemão.

Se é bom para a Alemanha… – E falando em Alemanha, ainda que Caetano advogue que só é possível filosofar em Alemão, diversas universidades alemãs já oferecem cursos superiores parcialmente ou mesmo integralmente em inglês. Isto faz parte de um esforço do governo para atrair alunos estrangeiros. Para muitos destes cursos há disponibilidade de bolsa. Para os interessados, o governo financia cursos de alemão, mas o inglês é mais uma porta de entrada.

Serviços em inglês no Brasil – Como Camilo já demonstrou lá na sua esfera, há espaço para a prestação de serviços para o exterior, e não falamos, nem ele, nem eu, da indústria do turismo. Confiram os argumentos dele.

É bom para você – Sei que “É bom para você” é o supra-sumo da auto-ajuda, que fique claro que o que digo vale no contexto da minha experiência. Se 10% servir para você, estou no lucro. Mas acompanhando meu próprio aprendizado, acho que aprender outra língua é o Biotônico Fontoura, ou Viagra, para ser mais moderno, do cérebro: fortalece o raciocínio, expande horizontes, culturais ou de soluções. Aprender uma nova língua é necessariamente ver que As Coisas® podem ser diferentes. As diversas formas de aprendizado usualmente incluem contato com elementos da outra cultura. Por fim, acredito também que o próprio domínio do português seja beneficiado. Ver como são as estruturas e estratégias de outra língua facilita o reconhecimento das belas estruturas e estratégias do nosso bom, e nem tão velho, português.

Posted by Roberto de Pinho

3 comments

Eu repito isto quase todo dia “aprenda inglês, fale inglês”. A TechTown, centro da IBM em Hortolândia, perto de campinas, cresce a cada dia. São prédios sendo construídos continuamente, cada um abrigando cerca de 2 a 3 mil pessoas. TODOS de TI. E o que pedem é simples: saiba JAVA e fale inglês. Mas não conseguem suprir todas as vagas disponíveis. Porque temos feras em Java e outras tecnologias, mas que são ZERO no english. Henry Ford já dizia que se perdesse tudo e ficasse com 1 dólar, ele investiria em marketing. Eu diria que hoje, em TI, se você tiver apenas 1 dólar, INVISTA EM AULAS DE INGLÊS.

Isso é algo tão óbvio que não sei por que as pessoas ainda precisam ser convencidas disso.

Eu estou falando castelhano aqui, e aprendendo catalão e italiano, com o chinês eu só estou praticando no msn as 50 palavras que eu sei. Mais por polidez. Com o inglês eu traduzo as aulas em castelhano e catalão a meus colegas da palestina, jordânia e líbano que não falam uma palavra de nenhuma das duas línguas. E evidentemente, aprendo o dobro.

Também acho incrivel que o convencimento ainda seja necessário

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